08 - TRIBUTO AOS ASSESSORES

                    Relutei em trazer aqui o meu comentário sobre um fato ocorrido na  sessão de encerramento do julgamento do Mensalão, quando o Presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa, Relator da Ação Penal nº 470, fez pronunciamento (consignável em ata) agradecendo aos profissionais que o assessoraram nos sete anos de duração do tão alardeado julgamento.

                    Se não o fiz de imediato, foi em razão de não me sentir à vontade para tecer críticas ao comportamento do Ministro Marco Aurélio, em face da grande admiração que tenho por esse julgador, por seus posicionamentos independentes e juridicamente  precisos.


                    Contudo, não é aceitável, quer quanto ao conceito, seja quanto ao comportamento de  deixar o plenário em protesto contra uma inédita, coerente, despretensiosa, desapegada das obtusas tradições e, principalmente, justa manifestação de agradecimento aos seus assessores no processo que se findava, promovida pelo Min. Joaquim Barbosa. Tal comportamento inaceitável e acintoso, ao meu ver, quedou registrado no "clip de vídeo" que aqui trago.





                 É, no mínimo, lamentável, a  pretensão deduzida pelo Ministro Marco Aurélio, no sentido de impedir o registro dos agradecimentos expendidos pelo Ministro Presidente, apontando a impossibilidade de fazê-lo em Sessão Jurisdicional, sem, contudo, indicar, quando provocado, o supedâneo de sua afirmação, limitando-se a entendê-la "implícita", acrescentando:  "isso nunca houve no Tribunal".

                    Tal atitude do Ministro Marco Aurélio, na ausência da contrariedade dos demais integrantes do Plenário, está a evidenciar o propósito da  grande  maioria dos Desembargadores e Ministros em manter no anonimato, no ostracismo, ocultos mesmo,  aqueles profissionais de escol que os assessoram no seus julgamentos, como se eles, por si e sós, como superdotados, fossem capazes de produzir o quanto produzem, com a qualidade que produzem.

                    Senti e ainda sinto, na pele, esse isolamento, esse alijamento, pois, dos  anos em que funcionei como Assessor de Desembargador no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e das centenas e centenas de julgamentos que preparei, elaborando, inclusive, o que diziam ser uma sugestão de voto, nenhum registro foi consignado, por mais insignificante que fosse. Nos anais  desse Tribunal, não consta sequer a minha existência, que figura, tão só, nos registros da sua unidade de Recursos Humanos.

                    Assim, não poderia deixar de exaltar a atitude do Ministro Joaquim Barbosa, mormente quando, ao final das razões do seu agradecimento nominativo aos seus assessores, assim se pronunciou: Não vejo qualquer problema em enaltecer o trabalho indispensável dos colaboradores que cada um de nós temos. Sem a ajuda deles, eu não sei o que seria desta Corte, do nosso desempenho, porque (deles) dependemos, sim e muito (...) por que razão não podemos enaltecer os servidores colaboradores deste Tribunal?






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